As rotinas devem fazer parte do dia-a-dia de uma casa, seja esta uma
escola ou um “lar doce lar”; e devem ser definidas tendo em conta as
necessidades existentes em cada espaço. Numa escola, mais especificamente,
devem ser balizadas pelas necessidades inerentes a cada grupo de crianças.
”As rotinas diárias de uma criança (…) contribuem para a sua
aprendizagem sobre o TEMPO. Hora de lanchar, hora da sesta, hora de jantar,
hora do banho, hora de ir para a cama – são estas as HORAS no relógio de uma
criança» (Brazelton, 2003).
É através das rotinas que as crianças vão desenvolver o seu “conhecimento
temporal” ao trabalharem a sua capacidade de previsão sobre os vários
acontecimentos ao longo do dia. “A criança tem de ter consciência da
rotina diária e saber os nomes das partes que a compõem, para não passar o dia
a pensar o que irá acontecer a seguir…” (Mary H., 1979). A construção deste
“conhecimento temporal” gera segurança nas crianças e permite-lhes intervir na
organização do “seu” próprio quotidiano.
Quando esta competência se desenvolve, a criança começa
igualmente a sentir menos ansiedade de separação em relação aos pais. Passa a
existir a certeza de que o “momento de separação” será sempre seguido do
“momento de reencontro”; e que entre estes surge um “tempo seu” onde cabem uma
série de acontecimentos diários – sejam na escola, no parque, em casa dos avós,
ou noutro sítio qualquer – cujo prazer que lhe trazem “surpreendentemente”
se torna cada vez maior e menos culpabilizante. É o seu primeiro grande passo
para a autonomia enquanto indivíduo.
Pode-se assim afirmar que as rotinas são uma espécie de “agenda
mental” para as crianças, ou seja, os pontos cardeais a partir dos quais
estas vão organizar as diferentes etapas do seu dia. “Assim que chego à
escola guardo o casaco e a mochila no cacifo, visto a bata… Depois vou para a
sala cantar os “Bons Dias” e mais tarde vou “trabalhar”… Depois vamos
almoçar…”. A partir deste momento, a criança deixa de depender do adulto
para perceber o que se vai suceder e isso é extremamente importante que
aconteça. Não só para que a criança se sinta segura mas para que ganhe
confiança em si própria e no seu próprio discernimento, e a sua auto-estima se
solidifique de um modo saudável e coeso.
A partir do
momento em que eu sei o que vai acontecer a seguir, eu sei mais sobre quem sou
e sobre aquilo de que sou capaz.